sábado, 10 de março de 2012

0182 - ENERGIA NUCLEAR CONTRA O INVERNO ALEMÃO




Por Leandro Batista Pereira
2 de março de 2012


A violenta onda de frio que castiga a Europa, que já provocou a morte de mais de 600 pessoas, forçou os alemães a reverem a sua postura em relação à energia nuclear. Diante do abrupto crescimento da demanda por energia, para o aquecimento das residências, o país religou cinco das oito usinas nucleares desativadas no ano passado. A decisão revela a situação crítica do setor elétrico alemão, que sofreu com apagões em dezembro do ano passado e já vinha importando eletricidade da Áustria, França e República Checa, para conseguir atender à sua demanda, após o fechamento das usinas nucleares.

Menos de um ano após o anúncio de Angela Merkel de que a Alemanha estava abandonando a energia nuclear, determinando a desativação imediata de oito das 17 usinas nucleares do país, e estabelecendo que as restantes seriam desativadas entre os anos de 2015 e 2022, a chanceler alemã teve que voltar atrás, diante do (literalmente) frio impacto da realidade. Diante da terrível onda de frio, o controlador do sistema elétrico alemão Tennet determinou a reativação das nucleares como uma “medida preventiva” (PressTV, 9/02/2012).

A decisão da Alemanha de abandonar as nucleares se deu após o terremoto e o tsunami que atingiram o Japão no ano passado, que destruíram parcialmente a central nuclear de Fukushima, ocasionando a liberação de radioatividade no meio ambiente. Todavia, segundo estimativas da empresa alemã Siemens, se o país efetivamente seguir adiante em sua política de erradicar as suas usinas nucleares, substituindo-as por fontes como as eólicas e solares, terá que arcar com um custo de 1,7 trilhão de euros até 2030 (Reuters, 17/01/2012).

Apesar disso, grupos ambientalistas, como o Greenpeace, mantêm a sua campanha antinuclear no país e já qualificaram a decisão de reativar as usinas nucleares como uma “traição” e um sinal de debilidade diante do “lobby nuclear” (O Estado de S. Paulo, 9/02/2012). Ao que parece, talvez, o Greenpeace considere mais adequado ver os alemães congelando, mesmo diante do extremamente rigoroso inverno deste ano.

No continente, o frio fez o consumo de energia bater recordes, especialmente, na França, Espanha e Suíça. Dentre os casos mais graves está o da Bulgária: o país teve apagões em mais de 130 cidades na semana passada, e o Exército foi convocado para prestar assistência às populações mais vulneráveis, inclusive, na distribuição de alimentos. Na Sérvia, onde mais de 70 mil pessoas estão isoladas e as expectativas locais são de que o preço da energia terá novas altas históricas nos próximos dias. A Bolsa de Londres registrou sucessivas altas no preço do barril de petróleo por mais de oito dias consecutivos, na maior alta sequencial em três anos, fato agravado pela inconsequente aprovação das sanções europeias às importações de petróleo do Irã.

2 comentários:

  1. Maurício, vai-me desculpar, mas essa dos 600 mortos, deixa muito a desejar! Só cá em Portugal foram 6000 mortes em duas semanas, em fevereiro e a onda de frio está por trás dessas mortes! O Instituto de Meteorologia dá aletras para as ondas de calor para para as de rio... moita carrasco! Nada de prevenção! É deixar morrer os mais carenciadso de frio! Menos pensões a pagar!

    Veja o post dp Professor Pinto de Sá "Ainda sobre morrer de frio em Portugal" http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2012/03/ainda-sobre-o-morrer-de-frio-em.html
    Está lá tudo, como sabe.
    Um abraço.

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  2. Fada querida, esta postagem não é de minha autoria.

    Você verá que na minha postagem 0169 eu encaminho meus leitores para os blogs portugueses EcoTretas e A Ciência Não é Neutra do Professor Pinto de Sá. Eu creio que o meu blog foi o primeiro aqui no Brasil a anunciar as mortes em Portugal na postagem 0167 e na de número 0173 eu repostei a postagem do EcoTretas: Morrer de Frio em que aparece o gráfico das mortes em Portugal.

    Eu li a excelente postagem do Professor Pinto de Sá: Ainda sobre o morrer de frio em Portugal, no dia em que ela saiu. Só não a repostei porque não conheço o Professor. Eu tenho por hábito, por uma questão de educação, pedir autorização aos blogueiros de língua portuguesa para repostar seus posts.

    Como tenho uma relação de amizade com o EcoTretas há algunes meses e ele me autorizou a postar qualquer dos seus posts quando eu quisesse.

    Espero em breve entrar em contato com o Professor Pinto de Sá, porque achei excelente o seu blog!

    Um grande abraço. querida Fada.

    Maurício Porto.

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